Antonio Vergara, presidente da Roche Diagnóstica, diz que a qualidade da saúde e redução de custos passam pelo investimento em políticas de prevenção de doenças

 

Os avanços tecnológicos têm permitido oferecer alternativas cada vez mais precisas voltadas à medicina diagnóstica. Essa não é uma realidade apenas nas grandes economias. O Brasil, por exemplo, conta hoje com a maior operação laboratorial automatizada do mundo, pertencente à Dasa e instalada em Barueri, na Grande São Paulo. Sobre uma esteira de 148 metros circulam todos os dias 40 mil amostras, vindas de laboratórios e hospitais, públicos e privados, instalados em 1.900 cidades.

Esses pequenos tubos passarão por equipamentos de última geração, produzidos pela Roche Diagnóstica, e chegarão às mãos de médicos e de pacientes até 10 horas antes do que se vê em outros lugares, graças aos investimentos, por exemplo, em inteligência artificial. Para Antonio Vergara, presidente da Roche Diagnóstica, apesar do tamanho e do resultado do projeto com a parceira, ainda é possível crescer muito no mercado de medicina diagnóstica. Por uma razão simples: o investimento nessa área, apesar dos potenciais ganhos, ainda é muito baixo. Apostas como a que foi feita pela Dasa podem representar, não apenas um ganho financeiro para os laboratórios.

Com as novas tecnologias,poder público e operadoras deplanos de saúde passam a ter diagnósticosmais rápidos, mais precisos e em maior número com uma única amostra. Assim, o tratamento dos pacientes pode começar mais cedo e os resultados são bem mais assertivos. Confira a conversa completa com Antonio Vergara:

QUAL AVALIAÇÃO PODE SER FEITA SOBRE O FUTURO DA MEDICINA DIAGNÓSTICA?
Esse é um segmento que ainda tem muito para crescer. Mas, para que isso aconteça, será preciso que os gestores, tanto públicos quanto privados, mudem suas mentalidades sobre a importância do acompanhamento preventivo das condições de saúde da população. Muitos ainda acham que prevenção e diagnósticos representam uma despesa, mas não são. Mais saúde significa menos custo.

COMO A MEDICINA DIAGNÓSTICA PODE AJUDAR TANTO PACIENTES QUANTO GESTORES?
A medicina diagnóstica vai muito além de identificar quando uma pessoa está doente. Ela já permite distinguir de forma precoce diferentes etapas das doenças. Essa sofisticação tecnológica permite uma precisão cada vez maior na obtenção de resultados e evita gastos desnecessários ao permitir que os tratamentos sejam iniciados bem antes. Trata-se do verdadeiro conceito de prevenção.

COMO O BRASIL ESTÁ POSICIONADO MUNDIALMENTE EM TERMOS DE INVESTIMENTO EM DIAGNÓSTICOS?
A valorização do diagnóstico é o desafio da indústria mundial. Ele pode influenciar até 70% do tratamento de um paciente. Globalmente, essa área responde por 1,2% da composição de custos da área de saúde. Nos Estados Unidos, ela chega a 2,3%. Na Alemanha, é de 1,4%, enquanto em Portugal é um pouco menor, de 1,1%. Mas no Brasil isso representa apenas 0,5%, ou seja, investe-se pouco no diagnóstico, apesar do impacto tanto na saúde quanto
nos custos gerais.

EM PARTE, ISSO TEM A VER COM O FATO DE NÃO TERMOS UMA CULTURA MAIS PREVENTIVA?
Sim, prevenir é muito melhor, mas não está incorporado na cultura. Sentimos a necessidade de conscientizar todos os agentes de saúde sobre a importância de oferecer um tratamento mais holístico. Esse tema começou a ser trabalhado pela indústria em Portugal. O objetivo é mostrar que os ganhos com a saúde também representam ganhos econômicos. Quem quer investir em saúde deve pensar em fazer isso antes.
Enxergamos esse momento como uma oportunidade para ir além das discussões e de fato encarar o desafio de falar sobre a medicina do futuro, por meio de diagnósticos cada vez mais precisos.

NESSE SENTIDO, QUAL O SIGNIFICADO DA PARCERIA ENTRE A ROCHE
DIAGNÓSTICA E A DASA?

Esse projeto só confirma a intenção das duas empresas de continuarem a trabalhar juntas no futuro, em longo prazo. Essa parceria está baseada na aposta que ambas têm na inovação. Não apenas na área tecnológica, que é uma parte muito relevante do nosso negócio e absorve 20% do nosso investimento. Apostamos juntos no grande desafio que a Dasa nos colocou naquele momento, que era o da descentralização das rotinas e da centralização da análise de testes especializados em lugares estratégicos. Ou seja, como fazer os testes de forma mais rápida para atender os médicos e consequentemente os pacientes.

 

FONTE: https://epocanegocios.globo.com/Publicidade/Roche-Diagnostica/noticia/2018/10/valorizacao-do-diagnostico-e-o-desafio-da-industria.html?utm_source=linkedin&utm_medium=social&utm_campaign=compartilharDesktop